Produtor rural é obrigado a fazer descarte correto das embalagens de agrotóxicos
Devolução das embalagens nas unidades do sistema campo limpo é chamada de logística reversa. Com o descarte correto, o material pode ser reciclado.

Na hora de usar defensivos, todo produtor rural tem uma série de responsabilidades e uma delas é dar o destino correto às embalagens vazias. Quando descartadas de qualquer jeito, elas viram um problema para o meio ambiente e para a nossa saúde. O bom é que cada vez mais o pessoal tem consciência disso.
Uma das plantações mais procuradas em todo o mundo é a das begônias. Elas são bonitas, delicadas e fáceis de cuidar. As flores fazem sucesso em jardins e em ambientes internos.
Na zona rural do município de Piedade (SP), se encontram milhares delas nas estufas. A produção ocupa 126 mil metros quadrados. Os vasos abastecem uma cooperativa que comercializa flores em Holambra (SP), de onde são distribuídas para todo o Brasil. Para que as begônias fiquem atraentes, elas recebem muitos cuidados. Isso inclui a aplicação de defensivos para protegê-las de pragas e doenças. Logo de início, os vasos são esterilizados antes de um novo ciclo da planta.
Por semana, a empresa usa sete mil litros de calda nas estufas, uma mistura de água com defensivos. Todo trabalho é feito com o máximo de proteção para diminuir qualquer risco à saúde e para aproveitar 100% o produto. Após o uso, o funcionário lava a embalagem três vezes. Sem resíduo e vazia, ela é armazenada e o recipiente fica pronto para ser reciclado.
A devolução das embalagens nas unidades do sistema campo limpo é chamada de logística reversa. Com o descarte correto, o material pode ser reciclado. Em Piedade, as embalagens limpas são enviadas para uma unidade de recebimento. No Brasil todo, são mais de 400 locais. Por mês, são processadas 20 toneladas de plástico.
Todo o material é separado e há uma triagem para ver se não há resíduo químico. Depois vem a etapa da compactação. 80% das embalagens são passíveis de reciclagem, o restante é incinerado em termelétricas credenciadas. As tampas também são reaproveitadas e viram itens da construção civil.
Todo produtor é obrigado a entregar os recipientes após um ano da data que consta na nota fiscal de venda. Hoje, o maior desafio é a fiscalização.
Do começo do ano até agora, mais de 120 toneladas de embalagens utilizadas por produtores da região já foram enviadas para recicladora. A meta até o fim do ano é chegar em 220 toneladas.
Uma única embalagem de agrotóxico pode levar até 500 anos para se decompor. A reciclagem ajuda na conservação do solo, na qualidade da água e na proteção da fauna e flora. Tudo isso influencia diretamente na preservação do meio ambiente.
Aproximadamente 94% das embalagens de defensivos têm a destinação correta no país. O sistema campo limpo existe há quase duas décadas e a ideia é que, com o fim da pandemia, ele se torne ainda mais eficiente.